Publicamos aqui a entrevista cujas questões foram enviadas por escrito às candidaturas da Chapa 2 à Reitoria da UFSM, que tem a professora Martha Adaime como candidata à reitora e Tiago Marchesan como candidato a vice-reitor.
O processo de escolha à reitoria se dará através de uma Pesquisa de Opinião à comunidade universitária, no próximo dia 25 de junho. A votação se dará por processo eletrônico e o peso do voto é paritário entre os segmentos.
As questões encaminhadas pela diretoria do Sinasefe de Santa Maria, e também enviadas pela base de filiados/as da carreira EBTT, totalizam nove, e versam sobre o que a integrante e o integrante da chapa pensam sobre temas como:
– As políticas para a Educação Profissional da UFSM; as propostas para a saúde mental de docentes e discentes; política de acompanhamento para o ensino noturno; propostas para a educação básica; sobre a formação dos TAEs; o que se pensa sobre a coordenadoria de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico da UFSM e também sobre o controle de frequência através do ponto eletrônico, entre outros aspectos.
Veja mais sobre a candidata e o candidato
Martha Bohrer Adaime é graduada em Química pela UFSM. Professora Titular lotada no departamento de Química, Martha já foi diretora do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) por duas gestões. Ocupou as funções de pró-reitora nas duas gestões do reitor Paulo Burmann (2014-2021). Atualmente, é vice-reitora da instituição.
Tiago Bandeira Marchesan é graduado em Engenharia Elétrica pela UFSM. Atualmente é professor Associado, estando lotado no departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência no Centro de Tecnologia da UFSM. Também ocupa a função de diretor do Centro de Tecnologia.
Acompanhe a íntegra da entrevista abaixo:
Pergunta– Qual o planejamento da gestão para as políticas de Educação Profissional da UFSM?
Resposta– O planejamento da gestão para as políticas de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) da UFSM está centrado na ampliação do acesso ao ensino técnico e tecnológico, com ênfase na inclusão de jovens e adultos, sobretudo em situação de vulnerabilidade. A UFSM reconhece o papel estratégico da EPT para a redução das desigualdades sociais e para desenvolvimento regional e nacional. A proposta contempla a formação continuada de docentes, priorizando práticas pedagógicas inovadoras e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à educação profissional. Serão garantidos o investimento financeiro e a autonomia dos Colégios na aplicação dos recursos, assegurando ambientes adequados à formação teórica e prática dos discentes e mantendo-os como referência dentro da UFSM. O planejamento inclui também a criação de uma política de acompanhamento estudantil, voltada à permanência e à conclusão dos cursos, apoio aos aspectos pedagógicos e ampliação das ações culturais, esportivas e de lazer voltadas à qualidade de vida de servidores(as) e estudante. Pretende-se ainda fortalecer os Núcleos Pedagógicos nos colégios, com equipes multidisciplinares voltadas à saúde mental. A gestão reafirma o potencial da EPT no ensino, pesquisa, extensão e inovação, bem como na verticalização dos estudos, promovendo a continuidade entre formação técnica e ensino superior. Neste sentido, estamos fortalecendo programas como o Verticaliza e ações próprias da UFSM.
Pergunta– Quais as ações para o acesso, permanência e êxito na Educação Profissional e Tecnológica?
Resposta– As ações para garantir acesso, permanência e êxito na EPT envolvem medidas integradas que consideram a diversidade do perfil estudantil, com atenção especial a quem vive em situação de vulnerabilidade. Embora a UFSM já seja referência em assistência estudantil, busca-se aprimorar continuamente os serviços de alimentação, moradia, transporte, auxílios financeiros e acesso à internet. Reforçar o atendimento psicossocial e o cuidado com a saúde mental é essencial, com ampliação das equipes multiprofissionais nos colégios, respeitando as diferentes demandas de adolescentes, jovens e adultos, sobretudo dos cursos noturnos, formados majoritariamente por estudantes trabalhadores. O acompanhamento pedagógico individualizado, feito por docentes e equipes técnicas, é estratégico para o êxito estudantil. É importante também fomentar editais e eventos que promovam a integração de atividades multidisciplinares, projetos integradores e estágios. Por fim, propõe-se a consolidação de um programa institucional de assistência estudantil, articulando setores como CAED, Núcleos Pedagógicos dos Colégios, SATIE, ODH, NEABI e Casa Verônica, num modelo interdisciplinar, inclusivo e comprometido com a diversidade.
Pergunta– Quais as propostas para prevenção da saúde mental dos docentes e discentes em cada centro de ensino da UFSM?
Resposta– As propostas da UFSM para a prevenção da saúde mental de docentes e discentes devem partir do reconhecimento de sua relevância para o sucesso acadêmico e profissional. A criação da Coordenadoria de Ações Educacionais (CAED) por este projeto de gestão que defendemos foi um marco ao permitir o desenvolvimento de políticas institucionais voltadas à saúde mental, acessibilidade, ações afirmativas e permanência. O Setor de Atendimento Integral ao Estudante (SATIE), ligado ao NAE da PRAE, também é essencial no apoio à qualidade de vida dos(as) estudantes, especialmente os(as) em situação de vulnerabilidade. A gestão propõe o fortalecimento dos Núcleos Pedagógicos nas unidades EBTT com equipes multidisciplinares formadas por psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. A recente reestruturação da carreira dos TAEs favorece a contratação de novos profissionais da saúde e da educação. A atuação da primeira docente de Educação Especial nas unidades EBTT é um avanço desta gestão, mas ainda é preciso ampliar a presença desses profissionais, garantindo atendimento educacional especializado nos três turnos. A proposta inclui a articulação com UBS, CAPS e outras redes de apoio, além da promoção de palestras, rodas de conversa e formações continuadas voltadas ao cuidado preventivo. O objetivo é consolidar uma rede de apoio acessível e qualificada, promovendo uma cultura institucional de cuidado coletivo com a saúde mental de toda a comunidade universitária.

Pergunta- Qual a política de acompanhamento do ensino noturno na UFSM?
Resposta– A política de acompanhamento do ensino noturno na UFSM reconhece os desafios enfrentados por estudantes que, em sua maioria, trabalham durante o dia e estudam à noite. Para garantir permanência e êxito, propõe-se a atuação de uma equipe multidisciplinar com profissionais da pedagogia, psicologia, educação especial e serviço social, em articulação com coordenações de curso, núcleos pedagógicos e gestão das unidades EBTT. Essa equipe atuará no suporte pedagógico e na orientação individualizada, com estratégias que auxiliem na organização da rotina acadêmica. A proposta reforça a integração entre teoria e prática, com adaptações nos projetos pedagógicos, uso ampliado de laboratórios, estágios supervisionados e parcerias para prática profissional. Estuda-se a viabilidade de revisão do contrato do Restaurante Universitário para fornecimento de lanches no intervalo noturno. Há também a necessidade de articulação com o poder público para ampliação dos horários de transporte coletivo entre 22h30 e 23h, bem como o reforço da segurança e iluminação do campus nesse período. A política também prevê maior disponibilidade da ambulância da SEU no período noturno, ampliação da equipe dos núcleos pedagógicos com atendimento nos três turnos e extensão do horário das bibliotecas. As ações visam promover bem-estar e sucesso acadêmico aos estudantes dos cursos noturnos.
Pergunta– Qual a proposta para a Educação básica, em nível de ensino médio (integrado ou não) e Educação Infantil? Ingresso, permanência, equipe de apoio (Psicólogos, assistentes sociais, educadoras)?
Resposta– A proposta para a Educação Básica na UFSM, que abrange a Educação Infantil e o Ensino Médio, visa garantir acesso, permanência e qualidade, com políticas específicas para cada etapa. Na Educação Infantil, a consolidação da Unidade Ipê Amarelo como Colégio de Aplicação ampliou o campo de estágio e práticas para as licenciaturas. O compromisso é seguir fortalecendo a unidade e avançar na oferta de Ensino Fundamental, viabilizando também a ampliação da infraestrutura, propostas já encaminhadas ao MEC. Para o ingresso ao Ensino Médio do Colégio Politécnico e para os Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do CTISM, destaca-se o suporte institucional ao processo seletivo, agora realizado em parceria entre os colégios e o NISA. É preciso avançar na divulgação dos cursos, na integração com escolas públicas e na melhoria do preenchimento documental para estudantes cotistas. O fortalecimento dos Núcleos Pedagógicos é essencial para acolher demandas de saúde mental de estudantes e servidores. A proposta inclui ampliar as equipes multiprofissionais nas três unidades EBTT, com psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e profissionais da Educação Especial, considerando o atendimento a menores de idade. Também se propõe integração com a CAED e redes públicas de saúde, como UBS e CAPS, promovendo uma educação básica inclusiva e articulada, desde a infância até a formação técnica integrada ou não ao ensino médio.
Pergunta- Como será organizada a formação dos TAEs após a nova lei?
Resposta– Com a nova legislação, a formação dos Técnico-Administrativos em Educação (TAEs) na UFSM será estruturada de forma contínua e estratégica, conforme as diretrizes da nova carreira. A principal mudança é a redução do tempo mínimo para progressão de 18 para 12 meses e a criação da aceleração da carreira a cada cinco anos de efetivo exercício, mediante capacitação compatível. A carreira passa a contar com 19 padrões salariais, eliminando as subdivisões anteriores por níveis, o que exige um novo modelo de planejamento. Caberá à PROGEP coordenar essa política, com base em diagnóstico das necessidades formativas dos servidores, a partir do diálogo com as unidades. A proposta é integrar a formação às demandas institucionais e ao desenvolvimento individual, com oferta de capacitações técnicas, administrativas, tecnológicas e de bem-estar, além de competências transversais. A formação será organizada em etapas, com cursos presenciais, a distância, parcerias com instituições externas e valorização dos saberes adquiridos no ambiente de trabalho. A PROGEP poderá implementar um sistema de certificação para facilitar a comprovação das formações realizadas. É essencial que essa política seja permanente, articulada à política institucional da UFSM e garanta oportunidades formativas equitativas para todos os segmentos da universidade.
Pergunta– O que se pensa sobre o papel da Coordenadoria de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no âmbito da UFSM? Como será feita a escolha do/a representante?
Resposta– A Coordenadoria de Educação Básica, Técnica e Tecnológica (CEBTT) exerce papel estratégico na UFSM, articulando as demandas das unidades de EBTT com os diversos setores da administração central. Sua atuação busca garantir a representatividade dessas unidades nos processos decisórios institucionais, fortalecendo a integração com o planejamento pedagógico e administrativo da universidade. A escolha de seu representante, embora regimentalmente atribuída à Reitoria, tem ocorrido por meio de diálogo com as gestões das unidades EBTT, buscando consenso e legitimidade. A CEBTT deve participar ativamente da construção e acompanhamento das políticas de Educação Profissional e do Ensino Básico na UFSM, colaborar em formações, análise de planos de ensino dos cursos técnicos, processos seletivos e formaturas integradas. Também articula políticas de permanência e êxito, coordena informações e relatórios das unidades EBTT em parceria com a PROPLAN, e representa a UFSM em espaços como o CONDETUF e CONDICAP, em diálogo direto com o MEC. Para ampliar sua efetividade, é necessário modernizar sua estrutura administrativa e fortalecer a equipe técnica, garantindo ações estratégicas mais robustas. Assim, a CEBTT consolida-se como elo essencial entre a administração central e as unidades EBTT, promovendo uma gestão democrática e alinhada aos desafios da educação profissional e básica.
Pergunta- Quais as perspectivas do controle de frequência, particularmente a dos/as professores/as do EBTT?
Resposta– As perspectivas para o controle de frequência, especialmente no que se refere aos/às docentes da carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), baseiam-se no princípio da isonomia entre as diferentes carreiras docentes da UFSM, reconhecendo que todos os docentes do Magistério Federal desenvolvem atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão. A atual gestão sempre defendeu que as atividades docentes devem estar associada à entrega de resultados e ao desempenho das funções previstas em sua carga horária contratual, com transparência e responsabilidade. Nesse sentido, tem-se avançado na regulamentação e valorização das atividades docentes, por meio de resoluções que reconhecem a carga de trabalho referente à preparação de aulas, atendimentos aos estudantes, participação em projetos, orientação de discentes e envolvimento com atividades administrativas e gestão. A carreira EBTT é reconhecida como essencial para os objetivos institucionais, e a transparência na publicização de suas atividades é um passo importante para o reconhecimento da importância de seu trabalho. Por isso, buscamos implementar sistemas que deem visibilidade à dedicação dos docentes, reforçando o papel da gestão participativa e ativa como forma de aperfeiçoar os processos, assegurando a valorização profissional e o compromisso da UFSM com a sociedade.
Pergunta – Qual o entendimento do papel da Comissão Permanente de Pessoal Docente CPPD? É um órgão apenas consultivo?
Resposta– A CPPD possui um papel estratégico e relevante na formulação, acompanhamento e avaliação da política de pessoal docente da Carreira do Magistério Federal dentro da UFSM. Embora sua natureza seja de assessoramento, ela não é um órgão meramente consultivo, pois sua atuação impacta diretamente decisões centrais da gestão universitária. A CPPD presta assessoramento ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) ou à Reitoria, em temas essenciais como o dimensionamento e a alocação de vagas docentes nas unidades, admissão de professores efetivos e substitutos, análise de processos de alteração de regime de trabalho, avaliação de desempenho docente para fins de progressão e promoção funcional, e nos pedidos de afastamento para capacitação. Dessa forma, a CPPD tem responsabilidade significativa na garantia da valorização, qualificação e adequação da força de trabalho docente às necessidades da universidade. Sua atuação qualificada e independente é fundamental para assegurar decisões justas, baseadas em critérios técnicos e normativos. A CPPD também se destaca por promover o equilíbrio entre os interesses institucionais e os direitos dos docentes, sendo um espaço de representação e escuta qualificada. Portanto, seu papel extrapola o caráter consultivo, contribuindo ativamente para a gestão democrática e transparente da política de pessoal docente da UFSM.
Edição: Fritz Rivail
Fotos: Arquivo pessoal